Pesquisar neste blogue

terça-feira, 27 de abril de 2010


DAY 2
Acordamos retemperados por umas fantásticas 3 ou 4 horas de sono(quase todos) e fomos ao pequeno almoço na Palhota. Entre algumas confusões com os pedidos, foi correndo com a anormalidade normal a que me vou habituando.
Fomos para as primeiras aulas do induction traning(treino de introdução da ONU) e tudo correu dentro da normalidade. Na nossa formação foi integrado um contingente de cerca de 20 cidadãos do Bangladesh(não sei como se diz e não me apetece ir procurar) e um Jordano. De referir que o nosso “orientador” é Sul-Africano que esta na Policia Australiana e tivemos aulas com uma Indiana e outro que desconheço completamente qual a nacionalidade, percebem a saudável confusão que é de sotaques…
Na hora de almoço fizemos a primeira incursão pela Dili profunda…. Acho que nunca suei tanto na vida em tão pouco espaço de tempo. Quase que conseguia comprar uma máquina fotográfica por 100 USD que custava 175, mas à última da hora um dos empregados detectou o erro da colega e lá se foi o meu negócio da china, de timor vá.
Lá consegui comprar dois adaptadores de corrente, porque ainda não tinha conseguido carregar o portátil e voltei à zona de formação com a certeza que conseguiria usar o computador à noite, mas com o polo todo molhado e um semi-escaldão na cabeça….
Depois da formação, voltamos ao timor rasca camping, onde espontâneamente fizemos uma pool-party com quase todos os membros do contingente… eram mais de 20 tugas na piscina e algumas “pintang” a rolar…
Depois da banhoca de piscina e do duche, fomos jantar ao Hotel Timor(local mais in de DILI) e no fim do jantar começou a segunda aventura do dia. Tentamos apanhar um táxi à porta do hotel, mas como se deve negociar o preço antes, aconteceu um diálogo interessante entre mim e o taxista(mais a frente irei postar algumas fotos de táxis e alguns procedimentos normais entre os motoristas, que são absolutamente incríveis)~
-“how much to lodge hotel?”
-“10 dollar”
-“WHAT?” (tinhamos feito a viagem para lá por 5$ e houve colegas que pagaram 2$)
-“5 dollar, only 5 dollar”
-“3 Dollares, we payed 3 dollares about 3 hours ago”
-“no no no, 5 dollar”
-“nervermind…”
E lá ficamos apeados, eu o Tony Sportif e o Cardoso.
A iluminação noturna em Dili é algo rarissímo, por isso andamos seguramente mais de 30 minutos a vagear pela zona central(quase completamente deserta) na esperança que algum dos carros que ia passando fosse um táxi. Acabamos por desistir e paramos junto a um cruzamento perto do Hotel Timor, à espera de um milagre. Para grande espanto nosso, passados 10 minutos aparece a pé, por outra rua que não tinhamos andado, mais 4 colegas que também não encontravam táxi…
Lá conseguimos o táxi mais tarde e lá tivemos de pagar os 5 dollares ao explorador…
Chegado ao camping, fomos para a zona da piscina e rapidamente se juntou uma mesa de 5, mais ou menos viciados para fazer uma sng para entreter… um deles tem fichas. Depois de duas sit’s e umas quantas pintang’s fui me deitar. Fui sempre a bolha, mas não me vou começar a queixar das bad beats que levei pelo maníaco da mesa. Apenas posso dizer que vi jogadas bastante criativas e de poker de um nível que não compreendi, nem conhecia. Nem o Vito nos seus tempos mais criativos(leia-se manianos), conseguia fazer nada parecido...
Fui para a solitária tentar dormir, mas antes, outro duche. Os duches são definitivamente, as melhores alturas do dia ou da noite.

DAY 1
Desembarcamos em DILI no dia 6/ABR/2010, a meio da tarde e seguimos para as instalações da ONU a fim de tratar de alguma burocracia, que devo ressalvar, funciona com uma estranha celeridade e eficácia, à qual não estava habituado.
Depois de todo o cansaço e tomarmos minimamente conhecimento como funcionam algumas coisas nas instalações da ONU, fomos conduzidos ao nosso alojamento para os próximos dias. Peço desculpa se não conseguir descrever na totalidade o Timor Lodge Hotel (Timor Rasca Camping), porque se o conseguisse, este post seria muito mais divertido.
Chegamos de noite(antes do jantar), pelo que não deu para ver o exterior das instalações, mas depois de nos abrirem uns portões altos feitos de rede de jardim(como os que havia nos estádios de futebol pré-euro, mas mais altos) paramos juntos a uma zona de check-in, que era uma pequena casa branca com um balcão depois da porta e que depois de preenchermos os nossos dados num pequeno papel A5 mal recortado, nos davam um porta chave com uma chave como aquelas que usamos nos prédios para a porta dos arrumos na garagem… de rir…

A mim, a jovem timorense disse “tu fifti”, percebi depois, two fifty, estava dado ao quarto 250….
Ora, chamar quarto aquilo, é algo que não voltarei a fazer mais, de ora em diante, chamar-lhe-ei “solitária”.
O Timor Rasca Camping, é um conjunto de contentores alinhados horizontalmente ao longo de quase 100 metros de estrada em terra passa no meio, como se uma avenida se tratasse com passeios de contentores alinhados lado a lado. As as casas de banho são comuns e a janela(sim, tenho uma janela) da minha solitária, fica a 40 cm do contentor das traseiras, com uma vista fantástica para o aparelho de ar condicionado de um vizinho que não sei quem seja(do mal o menos, o ar condicionado funciona).
Depois do choque inicial e de ter perguntado a, honestamente não sei quem, “isto é que é o hotel?”, resposta…. “mas tem piscina…”
Ahhh, fico mais descansado…. Posso viver num ambiente completamente terceiro mundista, ter dificuldades em ter privacidade, ter de partilhar a casa de banho com mais 20 ou 30 locatários de solitárias…..mas tenho piscina…. assim sim…
O segundo choque foi a chegada ao quarto, desculpem, solitária, é um espaço exíguo de 3mX2m, com uma cama, uma mesa presao ao chão, uma cadeira completamente manchada, um armário tipo IKEA de 2 portas, um espelho e um aparelho de ar condicionada….. QUE FUNCIONA!!!! YUPIIIIIIIII…. Era ver-me a saltar pelo meio dos contentores….. WEEEEEEEEEEEEEE.
O cheiro do quarto quando cheguei era um pouco menos mau que insupurtável e o colchão algo que não consigo descrever…. Dormi e vou dormir sempre no meu saco cama, que ninguém me apanha naqueles lençois.
Cansados como estávamos da viagem, não pensamos muito nas condições e fomo-nos preparando porque tinhamos um jantar com todo o contigente da PSP, inclusivé o Police Comissionaire.
A zona de refeições do Timor Rasca Camping e respectiva piscina, é a uníca zona aceitável de todo o “empreendimento turístico”. É uma zona relativamente ampla, imediatamente depois das casas de banho comuns, em que primeiro aparece a piscina, com cerca de 15 metros e depois uma palhota gigante com capacidade, para talvez 100 pessoas. Algumas mesas espalhadas pela zona da piscina e voíla…. Lodge Hotel….fantástico.

O jantar foi buffet de não sei o quê, mas acho que era frango, mas como não chegou para todos e alguns não gostavam, acabaram a comer pizza… preciso de comentar?...

Depois dos discursos da praxe, que foram completamente informais….e ainda bem, pudemos ir descansar.
Não dormi grande coisa, talvez 3 horas, e pelas 4H30, estavamos 5 colegas, no meio da avenida dos contentores a conversar… timor way of life.

quarta-feira, 21 de abril de 2010

despedidas e a viagem...




DAY 0



As coincidências tem destas coisas, no dia de Páscoa, coincidindo com uma data muito especial para mim, calhou a saída do Porto em direcção ao Aeroporto militar de Figo Maduro.

O Almoço e a tarde do dia 4 de Abril(Pascoa) foi uma confusão de emoções que honestamente não consigo descrever. Ter todos os meus queridos na mesa, estar em clima de plena harmonia e paz e saber que daí a 24 horas estaria do outro lado do mundo sem a certeza de conseguir comunicar com eles. Honestamente, Afectou-me.

Hora da Partida do Porto, 21H00 saio de casa, preferi que fosse o meu a pai a levar-me à concentração com o pessoal do Norte, mas o meu irmão veio e o tio manel também…. Fosse lá eu desistir e sempre eram 3 a empurrar-me para dentro da carrinha….

A viagem correu muito bem e lá ganhei uma aposta ao Lemos que foi mais fácil que limpar …. Vocês sabem o quê.

Fomos o 1.ºs a chegar ao Aeroporto, supostamente o check in seria as 2H e chegamos perto da 1H. A conta gotas começou a chegar o resto do pessoal da PSP e às 2H00, estávamos todos reunidos e à espera que nos entregassem os Passaportes. Começamos a estranhar o pessoal da GNR ainda não ter chegado, mas achamos que poderiam vir todos juntos e mais perto da hora de voo. Estas horas de espera foram de facto muito chatas de passar. Principalmente para os familiares de alguns colegas que achavam(como nós) que cerca das 3H começaríamos a tratar dos pormenores e sair da sala de espera e assim libertar os “não viajantes”.

3h, nada, 4h, nada 4h e pico, chega a GNR, 4h30, primeira chamada do pessoal, 5h segunda chamada e passagem no ponto de controlo com a mala de mão(voltamos à sala para esperar pelo senhor ministro).

Nesta fase começavam as TV’s a fazer entrevistas mais ou menos emocionadas e uma das frases na noite foi do Jorge


-“Ó Monteiro, arranja-me aí uma criancinha que assim sou entrevistado” (o que alguns gajos fazem por 5 minutos de fama…)

Lá chegou o sr. Ministro e seguiu-se uma ensonada mas calorosa despedida ao pessoal que ia para Timor Leste, PSP, GNR e um elemento do SEF.

6H45 - Hora de embarque no avião e da tradicional sessão de bacalhaus à porta, seguramente eram mais de 20 pessoas para cumprimentar.

Cerca das 7H15 estávamos todos instalados nos nossos exíguos lugares, quando o comandante comunica

“não iremos levantar de imediato, porque estamos à espera a qualquer momento de autorização para sobrevoar o espaço aéreo da Arábia Saudita. Estamos à espera desta autorização desde ontem e pode chegar a qualquer momento…”

%#$&#@ … Bonito

Depois de quase 3 horas sem fazer absolutamente nada, em que quase gastei a restante bateria do MP3, lá levantamos voo com destinos às Maldivas….. Mas para fazer escala técnica e troca de tripulação. O tempo de voo restante que aparecia no monitor (cerca de 10 horas) desmotivava qualquer um e eu não era a excepção.

Por esta altura e como achava mesmo que não tinha paciência para o resto da viagem, lembro-me de tomar duas pastilhas que a minha mãe me deu para dormir e tentei aterrar…

(espaço temporal desconhecido)

Lembro-me novamente de forma vaga de sair do avião nas Maldivas(Male), de ir comer qualquer coisa e regressar novamente ao avião…

(espaço temporal desconhecido)

Acordei novamente no avião da Air Italia, com nova tripulação a bordo, com uma refeição à frente, daquelas de chorar por mais…(de chorar mesmo, porque aquilo era intragável) e quando olhei para o monitor informativo, faltavam pouco menos de 3 horas para aterrar…. Do mal o menos, há espaços em que temos brancas que são fantásticos, não há?

Quase no fim da viagem(a chegar a Dili, acho eu) decidi trocar a farda que trazia e vestir um pólo novinho porque estávamos avisados do calor e foi o melhor que fiz.

terça-feira, 13 de abril de 2010

A preparação e algo mais....


PREPARATION

Como não tenho jeito nenhum para escritas e muito menos para expressar por palavras o que vou sentindo, vou começar pelo principio.
Como os que me conhecem há mais tempo sabem, sempre foi um sonho de adolescente ir para fora do país em missão. Falo nisso desde, talvez, os meus 12 ou 13 anos, influenciado, quem sabe, pelas histórias que o meu pai contava do ultramar e pelo que ele se viria a transformar enquanto ser humano, homem e pai.
Após uma desistência forçada no primeiro contingente português de pára-quedista que foi para a Bósnia, que não interessa aqui falar, prometi a mim mesmo que iria tentar novamente, se tal hipótese me fosse dada.
Em meados de 2007(penso eu) abriu concurso para pertencer a uma bolsa de reserva para missões internacionais e decidi concorrer. Com maior ou menor sapiência e sorte fui dos escolhidos e por isso, fiquei apontado para a missão da ONU(Organização das Nações Unidas) em Timor, denominada UNMIT.
Depois de efectuar os cursos de preparação e estar de facto integrado no grupo que iria avançar para Timor Leste, foram várias as indefinições, nomeadamente relativas à data e o que iríamos encontrar por cá(estou de momento no quarto 250, do Timor Lodge Hotel), mais a frente descrevo com a possível exactidão como é isto e decerto quase todos de nós tiravam do nome o “lodge” e “hotel”, substituindo por “rasca” e “camping”, mas adiante.
Em meados de Março de 2009, com os preparativos individuais semi em andamento(à boa moda tuga), recebemos com alguma certeza a janela temporal da data de embarque.
- … “já sabem de datas?”
- “ pah… deve ser de 5 a 9 de Abril”
- “mas tens a certeza disso?, há algo oficial?”
- “pah…certezas…. He he he…. Vai apontando para essa data, ok?”
Com o aproximar da data decidi dar uma festa do “Até Já” na minha casinha das dálias para os amigos e muitos conhecidos de longa data.
A festa correu muito bem e desde já o meu agradecimento a todos os que estiveram presentes e um especial agradecimento a quem me ajudou na organização e execução da mesma. Isabe(o meu braço direito e esquerdo também)l, Mãe, Pai, o meu irmão Pedro(DJ e Fotógrafo), Belita(câmara woman)D. Céu, Tio Manel, Fonte(caipirinhas), Andrézinho(sangria). Peço honestamente desculpa se me esqueci de alguém, mas, se o aconteceu, não é seguramente com intenção. A todos o meu sentido, MUITO OBRIGADO.
Uma das datas confirmou-se, dia 5 de Abril o voo estava marcado e toca a mandar as malas para Lisboa e arrumar as últimas coisinhas.
Esta última semana foi de facto a mais difícil. Ainda que tivesse tirado uns dias de férias para (des)arrumar as últimas coisas, comecei a ter a verdadeira noção, não do que vou perder, porque não quero perder nada do que tenho, mas do que vou deixar temporariamente.